EPISIOTOMIA E SUAS CONTROVÉRSIAS NO AMBIENTE MÉDICO
DOI:
https://doi.org/10.53740/rsm.v12i2.408Palavras-chave:
Epsiotomia; violência obstétrica; Parto normalResumo
Introdução: A episiotomia é definida como a prática de incisão realizada no períneo, musculatura entre a vagina e o ânus, para facilitar a saída do recém-nascido no momento do parto normal. Anteriormente utilizada em partos de difícil expulsão do neonato, se tornou cada vez mais usual na tentativa de preservar a integridade da musculatura do assoalho pélvico, evitando lacerações desse tecido. Esta prática, nos últimos anos, tem sido questionada devido as várias complicações que este procedimento pode levar se realizado de maneira rotineira. Objetivo: O objetivo desse pressente estudo é compreender as recomendações da episiotomia bem como suas consequências danosas que corroboraram para que se tornasse prática de violência obstétrica durante o parto. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura com base na análise de dados em busca de artigos na plataforma PubMed que abordam o tema Episiotomia nos últimos 10 anos, em língua portuguesa e inglesa. Desenvolvimento: O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) e o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) aconselham episiotomia mediolateral como medida para preservar o assoalho pélvico frente à pressão exercida no intraparto. No entanto, é visto a necessidade de se limitar essa prática rotineiramente, considerando-se a sua associação a trauma perineal, aumento da perda sanguínea, infecções perineais e deiscência da ferida. Sabe-se também que a episiotomia em primigestas aumenta o risco de laceração obstétrica espontânea no parto subsequente. Nesse ínterim, se valer usualmente do procedimento em questão sem comprovações benéficas a parturiente pode se configurar com o desrespeito a autonomia da mulher diante dos seus direitos sexuais e reprodutivos, assim como seus direitos humanos, sendo a episiotomia muitas vezes imposta como rotina obstétrica, sem fundamentação científica e sem consentimento livre e esclarecido. Conclusão: Apesar da literatura obstétrica relatar diferentes variações, ainda não há consenso universal de qual a melhor técnica cirúrgica e comprovação sobre as reais indicações. Contudo, organizações internacionais de saúde admitem que esse procedimento não deve ser utilizado de praxe, sendo incluído como mutilação genital, enquadrando em violência obstétrica. Logo, é direito da paciente negar a realização do procedimento sem sofrer coerção e/ou violência verbal por parte da equipe médica, e diante da potencial necessidade desse procedimento deve ser discutida antecipadamente priorizando a autonomia durante o trabalho de parto.
Referências
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