PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO: UMA REFLEXÃO SOBRE OS PROCESSOS DE ADOECIMENTO MENTAL NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS CONTEMPORÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.53740/rsm.v15i2.663Palavras-chave:
Trabalho. Adoecimento. Psicopatologia do Trabalho. Saúde Mental.Resumo
Ao longo da cronologia evolutiva da humanidade, a atividade trabalhista foi um fator crucial a manutenção da existência do sujeito, tanto coletivo como individual. Sendo assim, a humanidade se configura política e historicamente, em sua maioria, conforme o conceito laboral. Dessa forma, separar essa atividade da vida das pessoas não é nada fácil, diante da relevância e dos impactos na saúde mental produzidos por ela. Frente a essa temática, objetivou-se analisar as implicações que a atividade laboral exerce sobre a saúde mental dos colaboradores, de modo a trazer reflexões sobre a importância da temática para o cenário atual. Para isso, trata-se de uma revisão narrativa de literatura em que foram abordados teorias e conceitos acerca do labor e as patologias decorrentes desse processo. Foi discutido também os fatores do adoecimento mental nas organizações e as suas repercussões na qualidade de vida dos trabalhadores. A partir dos resultados coletados, percebeu-se a amplitude da problemática que o conceito gera para a sociedade contemporânea, pois a acepção e entendimento sobre o assunto foram gradualmente evoluindo e se moldando às aspirações e interesses dos seres humanos. Dessa forma, refletir a respeito da temática conduz a indagações instigantes e inevitáveis, o que aconteceu histórica e socialmente para que na atualidade o binômio trabalho e adoecimento, esteja em constante discussão, não sendo visto mais como um problema individual, mas como um problema de saúde pública que atinge os indivíduos em escala crescente.
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